De fato, há um consenso de que a economia precisa ser ressignificada. Não à toa, em 2019, a poderosa Mesa Redonda de Negócios nos Estados Unidos lançou um apelo aos CEOs corporativos para que façam projeções de seus impactos sobre todos os stakeholders, não apenas sobre seus acionistas.
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A ideia não é nova. Já na década de 1990, alguns investidores arrojados reconheceram que apenas excluir categorias ruins de investimentos de suas carteiras não era suficiente. Eles se concentraram na conexão entre retornos superiores e como uma empresa gerencia questões ambientais, sociais e de governança (ESG). As evidências dessa estratégia sugeriram que tratar bem os funcionários, buscar a diversidade na diretoria e gerenciar a pegada ambiental de uma empresa pode, de fato, ter um impacto positivo nos retornos financeiros.
No início dos anos 2000, vários investidores em mercados emergentes reconheceram que outra ampla mudança estava em andamento. Surgia aí uma nova geração de empreendedores: são construtores de negócios com a intenção explícita de resolver problemas sociais e ambientais prementes. E logo ficou claro que investir em tais empresas poderia ter impacto no mundo real e trazer retornos financeiros além do esperado.
Após quase duas décadas de árdua labuta, esses negócios continuam crescendo, ganhando confiança e credibilidade nos mercados. O que antes era nicho agora está se tornando uma tendência dominante.
E, por último e não menos importante, executivos e investidores começam a reconhecer que seu próprio sucesso de longo prazo está intimamente ligado ao de seus clientes, funcionários e fornecedores.
Assim, a corrida do capital para o investimento de impacto requer padrões mais elevados de conformidade dos negócios.
Em primeiro lugar, os negócios precisam de modelos consistentes e padronizados para avaliar o alegado impacto gerado. Colocar um logotipo “ODS” ou “boas práticas ambiental, social e governança – ESG” na frente do seu fundo não o torna um investidor de impacto.
Resultados de impacto devem ser acompanhados de rigorosas diligências, com requisitos claros de avaliação, consultas com os beneficiários finais, e relatórios exatos e verificados de forma independente.
Em segundo lugar, os investidores devem se comprometer a recrutar negócios próximos aos problemas que estão sendo abordados. Além disso, não se tem dúvida de que equipes diversas tendem a superar as homogêneas. Proprietários de ativos, gestores de fundos e empreendedores devem ser representativos das comunidades atendidas.
E, finalmente, à medida que os investidores alocam recursos para novas estratégias de investimento sustentável e de impacto, eles também devem levar em conta os efeitos potencialmente negativos do restante de seus portfólios.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará.
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