C-Suite: Priscilla Cortezze é a nova diretora de sustentabilidade da Volkswagen
Maria Laura Saraiva
8 de setembro de 2021
Divulgação
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, Priscilla Cortezze [foto] já passou pelo setor de comunicação de empresas como Microsoft Brasil e Citi
Entre as movimentações dos C-Levels na última quinzena, a C-Suite destaca a intensa troca de cadeiras em duas empresas do mercado financeiro: o Banco Mercedes-Benz e a fintech Recarga Pay. Entre as novidades da primeira está Marcello Larussa, que assumiu como diretor comercial no lugar de Diego Marin, novo CEO da empresa na Argentina. Além disso, Cristina Rensi é a nova head da corretora de seguros da instituição financeira, enquanto Viviane Jacob ocupa a cadeira de diretora de crédito.
Já na companhia de pagamentos digitais, Mariana Mello assume como nova head de vendas da equipe de customer experience, enquanto Gabriel Nogueira passa a ser o head de projetos especiais. Já a diretoria de parcerias ficará a cargo de Julia Canalini e a liderança de pagamento com Nelson Leite.
No setor automotivo, a BMW anunciou que Otávio Rodacoswiski assumiu a diretoria geral da fábrica da empresa em Araquari, Santa Catarina. O executivo entra no lugar de Mathias Hofmann, que depois de três décadas na companhia decidiu se aposentar. Já Douglas Pereira é o novo vice-presidente de recursos humanos da Volkswagen no Brasil e América Latina, com exceção do México. O administrador fica com a cadeira que era de Marcellus Puig, que deixa sua carreira no Brasil para retornar à Alemanha e assumir a posição de head de RH da Volkswagen Passenger Cars.
Nesta edição, a C-Suite conversou com Priscilla Cortezze, a nova diretora de sustentabilidade da Volkswagen. Recém-criada, a área será integrada à diretoria de assuntos corporativos e relações com a imprensa, que também está sob comando da executiva. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, Priscilla já passou pelo setor de comunicação de empresas como Microsoft Brasil e Citi.
Leia, a seguir, os planos da executiva na nova posição:
Forbes: Quais os maiores desafios em conciliar os interesses econômicos e sustentáveis de uma marca como a Volkswagen?
Priscilla Cortezze: Para a Volkswagen a sustentabilidade significa dar igual importância ao cumprimento das metas econômicas, sociais e ambientais ao mesmo tempo. Fomos a primeira fabricante de automóveis a aderir ao Acordo de Paris e pretendemos nos tornar neutros em emissões de CO2 até 2050. A proteção do clima é um objetivo central na nossa estratégia de negócio e já anunciamos investimentos de € 14 bilhões no programa Way to Zero, um amplo pacote de medidas para acelerar a descarbonização da empresa e de seus produtos. Nosso foco principal está em acelerar a transição para a mobilidade sustentável, descarbonizar a nossa cadeia de suprimentos e a produção, e garantir fontes de energia limpas. Temos metas bastante concretas: queremos reduzir – já em 2025 – as emissões por veículo produzido em 50% e que, até 2030, mais de 70% dos nossos carros vendidos na Europa e 50% na China e Estados Unidos sejam elétricos. Aqui no Brasil, o uso de biocombustíveis como o etanol é uma estratégia complementar para ajudar a neutralizar as emissões de carbono e, recentemente, anunciamos que vamos sediar um centro de pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis voltado para o estudo de soluções tecnológicas baseadas em etanol e de outros biocombustíveis para mercados emergentes.
F: Quais as principais tendências de ESG entre as fabricantes de automóveis?
PC: Nós na Volkswagen defendemos uma mobilidade sustentável para todos, da produção à vida útil e à reciclagem dos carros. Temos a missão de sermos protagonistas nesta transformação da mobilidade, já que de nada adianta termos um carro elétrico abastecido com energia à carvão ou nuclear. Temos que mirar em fontes renováveis como hidráulica, solar ou eólica, e em biocombustíveis como o etanol. Ter produtos cada vez mais neutros em carbono e um entendimento do impacto de toda a cadeia de produção e uso de um automóvel é, sem dúvida, uma das grandes demandas dos nossos consumidores. Vejo a indústria também muito engajada na agenda de diversidade e inclusão, reconhecendo que temos muito a avançar ainda. Mas o tema está na agenda da liderança e tenho visto avanços em número de mulheres líderes, por exemplo.
F: Na sua opinião, em quais metas o setor automotivo deve se concentrar nas próximas décadas?
PC: Eu diria que duas grandes forças estratégicas impactam o nosso negócio: a descarbonização e a digitalização. Estamos assistindo a uma revolução da indústria com a gradativa substituição das tecnologias de combustão para elétricos, mas também vivemos um avanço sem precedentes com os carros se tornando conectados e autônomos. Imagina você entrando numa carro e não precisar dirigir? O automóvel pode ser a sua sala de estar, seu homeoffice… A digitalização também abre um leque de novos modelos de negócios para a indústria. Um exemplo são os carros por assinatura. Nós temos o VW Sign&Drive, com abrangência nacional, no qual o cliente prefere a conveniência de assinar um serviço e não comprar um bem. Aqui na Volkswagen está bem claro para todos que queremos ser a marca líder em mobilidade sustentável e vamos atingir a meta de neutralizar as nossas emissões de carbono até, no máximo, 2050.
F: O que você espera nos primeiros seis meses como diretora de sustentabilidade da Volkswagen?
PC: Temos muitas áreas da empresa já implementando diversas ações ESG – o tema está no negócio. Nossa área tem a missão de integrar essas ações e trazer uma visão estratégica, com uma governança robusta. Gosto de reforçar que vamos olhar não apenas os riscos, mas principalmente as oportunidades, considerando múltiplos stakeholders e uma agenda mais ampla de toda a sociedade. Queremos fazer parcerias com grandes empresas e também com startups. Nesses próximos seis meses vou me concentrar, principalmente, na criação do centro de P&D em biocombustíveis, uma grande oportunidade de transformar o Brasil, de fato, num centro de excelência global em tecnologias baseadas no etanol. Queremos exportar esse conhecimento para o mundo.