É difícil lembrar de uma época em que ninguém tirava foto da comida antes de efetivamente comê-la. Arrumar uma mesa incrível e segurar o telefone de cima para obter aquela foto aérea perfeita para seu feed do Instagram. Ou quem sabe documentar sua jornada pão de fermentação natural nos stories. Tudo isso era bem comum em tempos pré-Covid.
A plataforma de mídia social comemorou seu aniversário de 10 anos no dia 6 de outubro. Conversei com CJ Hernandez, gerente de parcerias do Instagram para discutir como a plataforma mudou nessa última década e como a pandemia impactou o conteúdo focado em alimentos e o futuro da rede.
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Hernandez explicou que a comida sempre foi uma área de interesse popular para a plataforma e, nos últimos anos, o foco mudou de fotos estéticas dos alimentos –embora ainda sejam populares– para pessoas comendo, cozinhando, e as histórias por trás de tudo isso. “A comida é realmente um marco do Instagram”, disse Hernandez. “Quando pensamos nos primeiros dias da rede, a comida era uma das áreas de interesse populares originais na plataforma. Todo conteúdo alimentar era formado por lindas fotos de pratos e apresentações culinárias. Agora, vemos pessoas colocando a imagem de si mesmas e sua personalidade na vanguarda deste conteúdo.”
Este maior foco na personalidade é especialmente importante para influenciadores do Instagram que se concentram principalmente em conteúdo alimentar. “Isso dá a seus seguidores a chance de conhecê-los e criar uma conexão mais profunda”, disse Hernandez. “É também uma forma de diferenciar sua marca de todas as outras contas que estão por aí falando sobre o mesmo assunto.”
A introdução das ferramentas de vídeo no Instagram deu aos usuários comuns, criadores de conteúdo profissionais e marcas uma oportunidade de se conectar e se envolver ainda mais com seus seguidores. “Quando o vídeo foi introduzido pela primeira vez no feed e depois os recursos de formato longo com o IGTV, oferecemos às pessoas a oportunidade de ir mais fundo com seu público, seja mostrando uma receita ou levando o seguidor em um tour gastronômico pela cidade”, disse Hernandez. “Agora, com os Reels, um vídeo curto de entretenimento, os criadores se inclinaram ainda mais para o conteúdo de vídeo.” Kevin Curry –@fitmencook– por exemplo, posta receitas no Reels com legendas e listas de ingredientes em inglês e espanhol. “Ele está entregando receitas de uma maneira muito criativa, divertida e concisa. Isso também está o tornando acessível a mais pessoas por conta da abordagem bilíngue.”
Hernandez também percebeu um forte senso de comunidade em torno de interesses de nicho no Instagram. “Enquanto a rede de antigamente focava na conquista de seguidores com fotos extremamente chamativas de hambúrgueres, por exemplo, agora também temos um viés de construção de comunidades de nicho em torno de assuntos como comidas veganas, dietas específicas e outras tendências no espaço alimentar”, disse ele.
O tipo de conteúdo que consumimos e criamos no Instagram também sofreu uma mudança drástica em função da pandemia do coronavírus. “Vimos esse fenômeno acontecer na nossa frente”, revela Hernandez. “Agora que as pessoas estão em casa, todos são cozinheiros domésticos e o Instagram se transformou em um tipo alternativo de Food Network em dispositivo portátil”. Conforme o conteúdo mudou de comida servida em bares e restaurantes para comida caseira, o gerente observou que as pessoas estão se voltando para a plataforma em busca de inspiração para encontrar receitas acessíveis em que não é preciso ter um diploma de gastronomia para fazer.
Recursos como Instagram Live e IGTV se tornaram cada vez mais populares em 2020. No espaço alimentar, Antoni Porowski (@antoni), da série televisiva “Queer Eye”, decidiu explorar a tecnologia de lives e postou sua série “Quar Eye: Cooking Lessons in Quarantine”. Já no no IGTV, Ghetto Gastro (@ghettogastro) hospedou uma celebração virtual de Juneteenth —um feriado comemorado no dia 19 de junho em memória a Proclamação de Emancipação da escravidão no Texas, Estados Unidos. Seguindo a tendência, muitos outros criadores estão gravando lives e salvando seu conteúdo no IGTV para que seguidores revisem o conteúdo e assistam mais de uma vez. “Acho que as pessoas estão procurando recriar aquela sensação de união já que não podemos ficar juntos pessoalmente por um tempo”, opina Hernandez.
Quanto ao futuro da plataforma, Hernandez prevê uma continuação dessa mudança de marcas para indivíduos. “Os criadores são uma superpotência do Instagram, e acho que veremos as pessoas impulsionando o crescimento e o envolvimento de seus seguidores ainda mais. A rede está trabalhando ferramentas para ajudá-las com isso e realmente transformar a criação de conteúdo em um meio de vida”, disse ele.
“Minha esperança e sonho é que em 10 anos, e com sorte muito antes disso, veremos uma plataforma que está fazendo tudo o que pode para representar diversas vozes e pessoas que tradicionalmente têm sido sub-representadas na indústria de alimentos e bebidas e certifique-se de que todos tenham uma chance justa e igualdade de condições”, finalizou Hernandez.
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