Após um ano conturbado e de incertezas econômicas, a ansiedade de muitos brasileiros por conseguir mais dinheiro ficou à flor da pele. A rentabilidade da poupança, considerada por muitos ainda um dos maiores aliados para proteção do patrimônio, não foi, novamente, suficiente para fazer frente à inflação. De acordo com a Economática, a rentabilidade da poupança em 2020 (descontando a inflação) foi de -2,3%.
A rentabilidade negativa, no entanto, não foi um impeditivo para recordes na captação da poupança no último ano, de R$ 166,310 bilhões, elevando o estoque da caderneta para mais de R$ 1 trilhão em 2020. Mas é verdade também que muitos brasileiros resolveram partir para outras modalidades de investimentos, prova disso é o crescimento do número de investidores cadastrados na B3 que, no ano passado, aumentou em 92%.
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Contudo, o mercado financeiro não é sempre fácil de se entender e, por isso, é comum cometer erros na hora de investir que resultam em prejuízos financeiros. Esse é o caso de Maria Fernanda Vieira, de 19 anos, que fez seu primeiro investimento em fevereiro de 2020, mas viu boa parte do dinheiro “sumir” no mês seguinte, quando a Bolsa brasileira foi atingida pelo início da pandemia. “Quando menos esperava, tive um tombo financeiro. Fiquei inspirada pelo investimento que meus tios fizeram com o dinheiro da minha avó e tentei fazer parecido, mas não deu certo e perdi tudo”, conta a jovem que depois do susto com o investimento direto em ações, preferiu fazer novas aplicações via fundos de investimentos.
O Forbes Money conversou com especialistas para entender quais são os principais cuidados para ter uma carteira que diminua as chances de perdas financeiras e ofereça alguma proteção frente à volatilidade do mercado.
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GettyImages Reserva de emergência
A construção da reserva de emergência é o primeiro passo para quem está começando a investir. De acordo com Fábio Macedo, diretor comercial da Easynvest, o investidor precisa ter de seis a oito meses de custo de vida aplicado em produtos financeiros de alta liquidez o que, na prática, significa que o seu dinheiro deve estar investido em aplicações que podem se transformar em dinheiro novamente com rapidez em caso de imprevistos e sem perdas financeiras no resgate.
“Por exemplo, se meu gasto mensal for de R$ 2 mil, eu preciso ter cerca de R$ 16 mil em reserva de emergência. No começo, o investidor precisa procurar produtos de baixo risco e alta liquidez para depois começar a trabalhar na diversificação da carteira”, recomenda.
Os principais produtos recomendados por especialistas para a reserva de emergência são o Tesouro Selic, os Certificados de Depósito Bancário (CDB) com liquidez diária e alguns fundos DI.
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Reuters Perfil do investidor
O investidor precisa também entender qual é o seu perfil. Existem três: o primeiro é o Conservador que não tolera grande exposição a riscos, faz questão de ter liquidez, ou seja, quer ter acesso ao dinheiro investido com facilidade e rapidez e prioriza a preservação dos recursos acima do lucro. Já o Moderado é a pessoa que busca por rentabilidade, mas não quer assumir grandes riscos. Esse perfil combina os perfis Conservador e Agressivo, que é o terceiro da lista. Já quem tem perfil Agressivo nos investimentos assume altos riscos em busca de maior rentabilidade possível.
Para Fabricio Echeverria, líder de produtos e alocação da BlueTrade, a idade também é um fator importante para o investidor definir o seu perfil, “os mais jovens, que estão em um período de construção de patrimônio, devem buscar investimentos mais arrojados, pois seu prazo é mais longo. Já os mais experientes, com um patrimônio já construído, devem buscar investimentos mais conservadores de modo a proteger seu poder de compra”.
Os especialistas avaliam, no entanto, que entender o perfil não precisa se tornar uma regra para investir. É possível ser Conservador e também ter uma parcela da carteira em ações, assim como ser Agressivo e ter investimentos em renda fixa.
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Paulo Whitaker/Reuters Diversificação entre classes de ativos
A diversificação dos investimentos é fundamental para diminuir os riscos de prejuízos no patrimônio, mas não existe uma ‘regra de bolo’ para o tema. Logo, cada investidor pode diversificar seus investimentos nos produtos preferidos e conforme os seus objetivos financeiros.
Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, explica que embora não exista a ‘estratégia certa’ para a diversificação dos ativos, o investidor deve saber se está preparado para enfrentar a volatilidade do mercado na hora de escolher seus investimentos. Para o especialista, não adianta investir a maior parte do patrimônio em renda variável (ações, fundos imobiliários e etc.) e “quando ocorrer a primeira queda nos preços, voltar atrás e vender os papéis, perdendo dinheiro, ao invés de ganhar”.
De todo modo, Franchini acredita que seja importante ter uma parcela do investimento, mesmo que mínima, em renda variável. “Normalmente, a quantidade investida em renda fixa é maior por ter uma baixa volatilidade, mas alocar em ações também é importante”.
Investidores com maior aversão ao sobe e desce da Bolsa podem, por exemplo, deixar uma parcela menor dos investimentos em renda variável e uma maior em renda fixa. O mesmo vale para o oposto: quem consegue lidar melhor com a volatilidade pode ter menos renda fixa em carteira e mais renda variável.
Para ele, outra estratégia válida é olhar o mercado de crédito privado (renda fixa). Com os títulos de dívidas privados, os investidores podem apostar em ativos com vencimento em longo prazo e melhor rentabilidade, sem lidar com toda a instabilidade da Bolsa.
Outra aposta a se considerar são os investimentos em ativos estrangeiros (diversificação geográfica), que garantem exposição da carteira nos mercados globais. É possível conseguir essa diversificação através dos Brazilian Depositary Receipts (BRDs) e investindo em empresas exportadoras, por exemplo, ambos negociados na B3. No Brasil, essa estratégia se mostrou bem assertiva nos últimos meses. “O exterior não tem tanta volatilidade como aqui”, destaca Franchini.
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Djgunner/GettyImages Se prepare para a volatilidade
O sócio da Monte Bravo explica ainda que o mercado brasileiro é sempre volátil, mas esse ano está ainda mais, devido ao excesso de liquidez dos mercados. “Quando passamos por um evento parecido com o coronavírus, o mundo tenta evitar ao máximo a estagnação econômica e procura retomar a economia, e os mecanismos utilizados para isso são: juros mais baixos, aplicação de pacotes fiscais e barateamento de crédito”.
Já Macedo, da Easynvest, lembra que existem algumas ferramentas de diversificação que os investidores com perfil mais sofisticado podem utilizar frente à volatilidade. “O hedge (proteção em inglês) pode ser feito via fundos cambiais, alguns derivativos, como a venda de índice futuro de bolsa, além de produtos que apostam na alta ou baixa da taxa de juros. Contudo, antes de escolher como se proteger, o investidor precisa verificar qual a classe de ativo que ele está posicionado”.
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WitthayaPrasongsin/GettyImages 4. FII XP Properties (XPPR11)
Tipo: Híbrido
Movimentação no período: -26,4%
Reserva de emergência
A construção da reserva de emergência é o primeiro passo para quem está começando a investir. De acordo com Fábio Macedo, diretor comercial da Easynvest, o investidor precisa ter de seis a oito meses de custo de vida aplicado em produtos financeiros de alta liquidez o que, na prática, significa que o seu dinheiro deve estar investido em aplicações que podem se transformar em dinheiro novamente com rapidez em caso de imprevistos e sem perdas financeiras no resgate.
“Por exemplo, se meu gasto mensal for de R$ 2 mil, eu preciso ter cerca de R$ 16 mil em reserva de emergência. No começo, o investidor precisa procurar produtos de baixo risco e alta liquidez para depois começar a trabalhar na diversificação da carteira”, recomenda.
Os principais produtos recomendados por especialistas para a reserva de emergência são o Tesouro Selic, os Certificados de Depósito Bancário (CDB) com liquidez diária e alguns fundos DI.
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