O elevado crescimento nos últimos anos, aliado a resiliência durante a crise, está atraindo os investidores a um setor que não exibe o mesmo charme das fintechs ou startups de tecnologia, mas que gira anualmente mais de R$ 30 bilhões no Brasil: o mercado pet. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil tem a segunda maior população de cães, gatos e aves canoras e ornamentais do mundo, além de ser o terceiro maior país em população total de animais de estimação. São 58,1 milhões de cães, 27,1 milhões de gatos, 20,8 milhões de peixes, 41 milhões de aves e mais 2,53 milhões de outros animais. O total é de 149,6 milhões de pets.
Com todo esse tamanho, em 2021 o mercado pet faturou R$ 35,8 bilhões, crescimento de 5,4% em relação a 2020 e deve se manter pujante em 2022 e em 2023, atraindo mais capital. “Entre as principais tendências que contribuem para o crescimento do mercado no futuro podemos citar a humanização dos pets, ou seja, a preocupação com a saúde e com o bem-estar dos pets, que passam a ser considerados membros da família” diz Lucas Lima, analista da VG Research. Ele avalia que a estrutura familiar brasileira mudou, com casamentos mais tardios e menos filhos. “Isso eleva o interesse pelos pets, até pelo menor custo financeiro”, diz.
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A Efund, plataforma de investimentos em startups, está entre as empresas que passaram a ver o segmento de pets como uma alternativa de diversificação para os investidores. “Estamos analisando algumas operações”, diz Igor Romero, sócio da Efund. “Os principais atrativos são a a resiliência dos resultados financeiros e a rentabilidade, pois essas empresas têm conseguido repassar o aumento de custos aos clientes e não foram abaladas pela crise.”
Segundo Romero, o faturamento não caiu nem mesmo durante a pandemia e o setor tem se mostrado tão forte quanto o agronegócio. “A ‘humanização’ dos animais de estimação torna o segmento pet tão promissor e resiliente quanto o agronegócio. O agro produz alimentos e o mercado pet permite manter a saúde e o bem-estar dos animais”, diz ele.
Ações na bolsa
Essas características tornam as ações do setor bastante promissoras em bolsa. “O investidor precisa apenas ficar atento aos fundamentos da empresa porque no que diz respeito ao mercado as notícias são promissoras”, ressalta Romero.
A empresa mais conhecida é a Petz (PETZ3), companhia de varejo especializada em produtos para animais de estimação. Ela abriu seu capital em setembro de 2020. No IPO, a ação precificada foi em R$ 13,75, chegaram a valer R$ 28,29 em agosto de 2021. Devido à alta dos juros, os papéis recuaram para cerca de R$ 7,00. Para os especialistas, isso representa uma boa oportunidade no médio e no longo prazos.
Segundo analistas de mercado, a desvalorização se deu mais por conta dos problemas macroeconômicos do que por problemas no desempenho da Petz. “Olhando para frente, a dinâmica parece mais positiva, uma vez que a companhia atingiu no mês de setembro o menor patamar de inflação interna nos últimos 12 meses. Gostamos da tese por estar em um mercado com grande avenida de crescimento, no qual a Petz oferece uma plataforma one-stop-shop para o consumidor com amplo sortimento”, afirma Lima, da VG Research.
O balanço do terceiro trimestre, divulgado em novembro, mostra um lucro líquido de R$ 84,5 milhões nos nove primeiros meses de 2022, crescimento de 19,2% ante o mesmo período de 2021. A receita bruta em nove meses foi de R$ 885 milhões, alta de 38% ante 2021.
“A Petz conta com um modelo de negócios interessante, no qual quanto maior a presença física, maior é o fluxo de clientes no e-commerce, com os dois ambientes atuando de maneira complementar, de modo que quanto maior o número de lojas abertas, maior é a receita e a rentabilidade pelo ganho de escala na operação, de forma que a estratégia de crescimento via aquisições, ampliando seu portfólio de produtos, é positivo para a companhia”, informa relatório da casa de análise independente Levante Ideias de Investimento.