O empresário Julio Capua se esmerou tanto para construir seu refúgio particular no Preá, uma pequena vila de pescadores no litoral cearense, que resolveu transformá-lo em um hotel: a Casa Siará.
Apaixonado pela região desde 2014 e adpeto ferrenho do kitesurf – que encontra nesse pedacinho do Ceará as condições perfeitas para a prática –, o ex-sócio da XP tinha o plano de construir a casa de férias dos sonhos com outros amigos amantes do esporte dos ventos, como Guilherme Benchimol, para passar semanas imersos no kite e na energia da costa cearense. O projeto de frente ao mar, apenas oito suítes e R$ 28 milhões de investimento, no entanto, ficou tão bom no fim das contas que o empresário não conseguiu manter só para ele. E assim nasceu o mais novo hotel de alto padrão da região, aberto a qualquer um que aprecie hospedagens intimistas de primeira.
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Não é a primeira vez, contudo, que o bilionário (168º nome na lista da Forbes Brasil 2024) conjuga o verbo transformar no novo destino de praia do Brasil. Julio é CEO do Grupo Carnaúba – batizado em homenagem à árvore “rainha” do Ceará, prima do coqueiro –, responsável pela construção de projetos que querem fazer do Preá o “primeiro destino turístico planejado” do Brasil. Com investimento na casa de meio bilhão até agora, ele adquiriu 12 milhões de m² de terrenos na região, com 4,2 km de frente para a praia.
Já estão encaminhados um condomínio de casas com 250 lotes e lagos privativos, em que nomes como Luciano Huck e Álvaro Garnero terão endereços de veraneio; o Carnaúba Wind House, members club de kite de estrutura de alto nível, com parte do projeto já inaugurado; e um hotel de bandeira internacional Anantara Preá em 2026.
Julio transformou radicalmente uma área quase vazia, que vivia à sombra da vizinha famosa, Jericoacoara. O potencial visto pelo empresário foi grande: além de estar mais perto do aeroporto de Jeri do que a própria vila homônima, ela é tida como a meca do kitesurf. O esporte em ascensão atrai turistas e apaixonados do mundo todo para o Preá, atrás da qualidade do vento (na média de 60 km/h por pelo menos sete meses do ano, de julho a janeiro), a água quentinha, entre 26º e 28ºC, e uma paisagem paradisíaca – o cenário ideal para o downwind, aquele percurso gostoso de velejar a favor do vento com o kite, pela linda costa nordestina.
Quem for à vila de menos de oito mil habitantes verá justamente isso na Casa Siará. Com toda a estrutura para desacelerar, com dias recheados de esporte e natureza, Capua e sua equipe captaram a essência slow do Preá.
A Forbes esteve lá no começo da temporada para conferir a novidade, aberta a todo vapor depois de um ano em soft opening para amigos e família – tempo para azeitar a operação e acertar todos os mínimos detalhes, diz Janine Capua, sócia e diretora da hospedagem. Veja como foi a experiência a seguir.
Dias tranquilos na Casa Siará
Chamar o hotel de casa não é exagero e nem propaganda enganosa. Subir as escadas e dar de cara com a sala de estar, com seus sofás generosos e cheios de almofadas, puffs e uma mesa tamanho família para refeições, é realmente como entrar na intimidade de alguém – um anfitrião de muita hospitalidade e muito bom gosto, vale dizer.
A Casa Siará respira brasilidades. Além da trilha sonora só de músicas nacionais (e que músicas! Não se esqueça de pedir o link da playlist antes de ir embora), o projeto – do renomado arquiteto Miguel Pinto Guimarães – recorre a cores claras, madeira, palha de carnaúba, cimento queimado, móveis de designers nacionais e charmosos artesanatos locais para dar o toque aconchegante ao local. Nada ali é ostentativo, pelo contrário. Luxo discreto, pé na areia e confortável reina.
O destaque fica do lado de fora, onde a vida social do hotel-boutique floresce ao redor de dois espaços: a área gourmet com churrasqueira e a enorme piscina de borda infinita, ambas de frente para o mar – sempre pincelado com kites de diversas cores, uma cena hipnotizante, especialmente no entardecer. Não perca quando o sol beija o oceano enquadrado pelas pipas esvoaçantes dançando no céu alaranjado.
Os atrativos externos ficam completos com uma quadra de beach tennis (aulas com um instrutor podem ser agendadas), uma brinquedoteca equipada e um spa com sauna, ofurô, banheira de gelo e sala para massagens relaxantes.
As oito suítes minimalistas, construídas de forma a dar a volta no gramado da casa, com a piscina em pleno centro, foram milimetricamente planejadas para todas terem um ângulo do mar. Da ampla varanda – sim, todos os quartos têm uma –, sente, relaxe, e admire o mar, os kites e os coqueiros ao vento. E tem opção para todo caso: de um acomodação com beliche, ideal para quem viaja com crianças, a um quarto de 80 m², com banheira e perfeitamente de frente para a praia, para uma viagem romântica. Aproveite o chuveiro delicioso junto com o menu de sabonetes de argila, cada qual para uma função.
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Divulgação Varanda da suíte frente-mar
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Divulgação Interior da suíte frente-mar, a maior do hotel
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Divulgação Suíte com beliche, perfeita para famílias com criança
Varanda da suíte frente-mar
Não há TVs nos quartos, mas escondida atrás de uma porta deslizante na sala de estar, um enorme home theater, com sofás gigantes, TV de 86 polegadas e todos os videogames e streamings que se pode imaginar, é a conclusão perfeita de um dia de sol com amigos e família. A ideia é se divertir em conjunto, até com as crianças, sem se isolar cada um em sua acomodação.
Brincadeira de adulto
Se o Preá é a Disney do kitesurf, a Casa Siará é um dos seus parques de diversão, recheada com brinquedos perfeitos para os adultos. Dos amadores aos mais experientes do esporte dos ventos, qualquer um com vontade de surfar pendurado por uma pipa está muitíssimo bem servido com equipamentos de primeira linha e instrutores muitíssimo qualificados.
Julio e sua equipe montaram o estoque dos sonhos. Uma guarderia repleta de itens da alemã Duotone, maior fabricante de equipamentos de kite do mundo, enche os olhos de quem se empolga com o esporte. Em maratonas de pelo menos quatro dias de aulas – serviço pago à parte, vale dizer – já é possível ficar familiarizado com a arte do velejo e se arriscar a se equilibrar na água. Ou no mínimo fazer uma aula experimental.
Quem já pegou a manha pode atravessar o litoral a velejo, enquanto uma equipe de instrutores presta o serviço de apoio na água, acompanhando o downwind de carro. O programa pode durar horas e horas, a gosto do freguês.
Passeios de UTV, 4×4 e quadriciclo para aproveitar os arredores – leia-se dunas, mangue, o Parque Nacional de Jericoacoara e as lagoas naturais, além de um pôr do sol inesquecível em Barrinha – também podem ser agendados.
No centro da mesa
Na Casa Siará, gastronomia é um assunto levado muito a sério. Dos mimos de mini-bar caseiros (como tablete de polvilho a balinhas de doce de leite) a adega escolhida pela Cellar Vinhos, tudo é cuidadosamente pensado.
Quem comanda as panelas é Lucas Figueiredo, ex-chef do resort Ponta dos Ganchos, que cada vez mais quer integrar ingredientes frescos e regionais para o menu – sempre com um toque autoral. O cardápio muda do almoço para o jantar e espere versões de ceviche com maracujá e coentro; blanquette de robalo com cará; moqueca de frutos do mar; ou peixe com crosta de castanha de caju e risoto de pupunha ao molho de maracujá. Destaque para o polvo grelhado com purê de mandioquinha, servido no ponto perfeito.
Já as sobremesas são de autoria do Guilherme Deluna, confeiteiro com experiências pelo Tanit e pelo Casana Hotel, também no Preá. O chef brilha com criações leves e refrescantes, como uma deliciosa pavlova de frutas verdes com sorbet de limão e chantilly de manjericão. Ingredientes locais, como o caju e o jerimum, aparecem em forma de compota ou tartelete.
Não deixe de matar o calor com os sorvetes e sorbets, com sabores frequentemente atualizados e feitos na casa. E aproveite para pedir um drink a qualquer momento do dia, feitos pelo bartender Thiago Carvalho – como o Preá Mule, feito com cajuína, e o Cajárita, com cajá, limão e tequila, perfeito para a piscina.
Em dias na Casa Siará, prepare-se para desacelerar, comer bem, ter o combo perfeito de esporte e natureza e se hipnotizar pelas belezas locais.