A desenvolvedora de projetos de energia Casa dos Ventos investirá cerca de R$ 2,4 bilhões para implementar um complexo de geração eólica no Rio Grande do Norte, que ainda poderá ter a capacidade praticamente duplicada no futuro, informou hoje (18) a companhia.
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O empreendimento terá uma potência instalada de 445 megawatts e utilizará equipamentos da dinamarquesa Vestas, que anunciou mais cedo nesta terça-feira um contrato para fornecer 106 turbinas ao complexo da empresa brasileira. O valor não foi divulgado, mas geralmente equipamentos respondem pela maior parte do custo do projeto.
O diretor de projetos e novos negócios da Casa dos Ventos, Lucas Araripe, afirmou que cerca de 5% da produção dos parques foi vendida em leilão realizado pelo governo brasileiro no ano passado, enquanto o restante será oferecido a consumidores no chamado mercado livre de eletricidade, no qual grandes empresas podem negociar diretamente seu suprimento.
“Estamos trabalhando agora para vender essa energia. Estamos conversando com grandes consumidores e pretendemos nos próximos três a seis meses ter isso equacionado”, afirmou ele, em entrevista à Reuters.
A empresa irá agora buscar financiamentos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ao Banco do Nordeste (BNB) para o empreendimento, que tem operação prevista para o segundo semestre de 2021. Também não estão descartadas emissões de debêntures para levantar recursos.
O complexo eólico, sob o nome Rio do Vento, é dividido em diversas usinas, e eventualmente os interessados poderão até fechar contratos que incluam uma opção de compra futura de uma ou mais unidades do parque.
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Ao se tornarem sócios do projeto, os clientes podem ter acesso à energia por custos ainda menores, afirmou Araripe, lembrando que a regulação do setor elétrico isenta de alguns encargos empresas que investem na produção da própria eletricidade.
A Reuters publicou em janeiro que a Casa dos Ventos pretendia construir mais usinas eólicas para vender a produção em contratos privados, após a empresa ter anunciado no início do ano um acordo de venda de energia para a Vale, com opção de a mineradora adquirir o parque de 151 megawatts na Bahia, no futuro.
“Podemos assinar contratos normais de longo prazo, ou o cliente pode ter também uma opção de compra de uma fatia do projeto referente ao consumo dele, para ser sócio. Aí ele vira sócio depois, não corre o risco de implantação, construção”, explicou o diretor.
EXPANSÃO
O projeto da Casa dos Ventos tem potencial para uma segunda fase que poderia levar a capacidade a 950 megawatts. Tanto a linha de transmissão quanto a subestação do empreendimento serão construídas já levando em conta a futura expansão, segundo a empresa.
“Esse é nosso maior projeto até então, e fomos bem no detalhe, escolhemos o nosso melhor empreendimento. É um projeto fora da curva em termos de vento, tem um desvio padrão muito baixo, um vento muito constante, de velocidade, e como ele está no nível do mar tem uma densidade alta”, disse Araripe.
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Ele afirmou que isso significa que o parque pode alcançar um fator de capacidade médio pouco acima de 60% pelo critério de classificação conhecido como P-50. “Quando você casa esse vento excepcional com a grande escala do projeto, chega a um custo de geração de energia muito baixo”, disse.
O diretor afirmou que a expansão deverá ser viabilizada mais à frente, devido a algumas limitações para conexão à rede que existem atualmente na região do parque.
Enquanto isso, a empresa provavelmente focará o próximo investimento em um projeto de até 400 megawatts na Bahia, para o qual a Casa dos Ventos deve começar a buscar contratos logo após concluir as negociações para venda da energia de Rio do Vento.
Araripe comentou ainda que a Casa dos Ventos pretende replicar nos próximos projetos a estratégia adotada no complexo no Rio Grande do Norte, negociando uma parcela mínima de energia em leilões do governo para depois buscar contratos no mercado livre. “Hoje vejo muito pouca probabilidade de viabilizarmos projetos 100% via leilão. Enxergamos como um primeiro passo, mas os preços não viabilizam retornos [adequados] se você vender todo projeto ao preço do leilão”, afirmou ele.
Os valores pagos pela energia leilões federais têm caído em meio a um forte interesse de investidores pelos contratos e a uma baixa demanda por energia dos novos projetos, fatores que acirram a competição nos certames, nos quais vencem as usinas com menor tarifa final.
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