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Início / Forbes Money / O que a vitória da oposição na Inglaterra muda para o Brasil

O que a vitória da oposição na Inglaterra muda para o Brasil

Keir Starmer, primeiro chanceler trabalhista em 14 anos, deve rediscutir as condições do Brexit e aumentar a integração da economia inglesa

Cláudio Gradilone
05/07/2024 Atualizado há 10 meses

Acessibilidade

 

Filho de um operário e criado em uma família de baixa renda numa cidade ao sul de Londres, o advogado Keir Starmer (pronuncia-se Kír Stármer), novo primeiro-ministro britânico, tem um perfil bem diferente do de seus antecessores. Desde 2010 a chefia do governo britânico estava nas mãos dos conservadores. Agora, Starmer – que já se declarou antimonarquista e que terá reuniões semanais com o rei Charles III – será o primeiro trabalhista a ocupar o cargo em 14 anos.

Esta eleição foi diferente das duas últimas em um outro aspecto importante: não foi dominada pelo debate sobre o Brexit, a decisão britânica de deixar a União Europeia em 2016. A cisão foi pouco discutida durante a campanha de seis semanas. No entanto, é bastante provável que, mesmo não querendo, Starmer recoloque o tema na agenda.

Em um primeiro momento espera-se pouco impacto nas relações econômicas com o Brasil. Em 2022 a corrente de comércio foi de US$ 5,41 bilhões. O Reino Unido é o 21º parceiro comercial brasileiro em ordem de importância, muito atrás de Itália, Alemanha e França. O Brexit ajudou a afastar ainda mais as economias. E apesar de não se esperar um retorno à UE, o novo governo deve retirar entraves, o que pode ser benéfico para a corrente de comércio.

União Europeia

Só porque o Brexit não figurou no debate não significa que seu papel nos resultados não tenha sido importante. O plebiscito rachou os conservadores e dividiu o partido em várias questões, em especial a questão da imigração. Muitos eleitores culpam o Brexit pelos problemas da economia.

No entanto, os especialistas avaliam que a pressão das empresas, dos economistas e daqueles que votaram contra a saída da União Europeia (UE) em 2016 poderá persuadi-lo a abordar a questão. Muitos empresários acreditam que o realinhamento com a UE é imperativo para a Grã-Bretanha melhorar a sua economia.

O Brexit aumentou a burocracia e os custos para as empresas britânicas e diminuiu o comércio entre o Reino Unido e a Europa continental. As estimativas são de que a economia britânica encolheu quase 3% nesse período e deve encolher 6% até 2035. O Brexit reduziu o investimento no Reino Unido em 33%, fechando 3 milhões de postos de trabalho.

Perfil

Starmer é servidor público de carreira. Em 2008 foi nomeado “director of public prosecutions”, o equivalente a procurador de justiça. Na década de 1980 editou uma revista chamada “Socialism Alternatives” e em 2014 recebeu o título de cavaleiro comandante da Ordem de Bath (“knight commander of the Order of the Bath”).

Ele terá muito trabalho pela frente. Os conservadores perderam a primeira eleição em 14 anos não porque o eleitorado britânico tenha se tornado mais progressista. O motivo foi o cansaço com os problemas do dia-a-dia, como o mau estado do Serviço Nacional de Saúde (National Health Service, NHS) e uma economia que não cresce.

Sarmer se opôs ao Brexit em 2016, mas não comentou o assunto durante a eleição. A avaliação dos analistas políticos é que esse silêncio teve endereço certo: os votos dos eleitores conservadores irritados com o mau desempenho dos primeiros-ministros do partido. Starmer liderou as pesquisas durante a campanha e evitou levantar uma questão que pudesse prejudicar sua viabilidade eleitoral.

 

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Tópicos

  • Brexit
  • eleição
  • Keir Starmer
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