Juntas, as palavras ‘inteligência e artificial’ evocam sentimentos complexos. Para alguns, elas marcam o fim da criatividade humana, como a conhecemos. Para outros, é uma ferramenta para desbloquear um potencial criativo ilimitado. Em um mundo onde a tecnologia e a criatividade são frequentemente vistas como estranhas companheiras, uma nova vanguarda está surgindo. Alguns artistas estão abraçando a IA como colaboradora e parceira, atuando como um canal entre os reinos desconhecidos de sua imaginação e o mundo tangível.
Esta não é uma história de robôs roubando empregos – embora isso certamente seja interessante. Em vez disso, esta é a história daqueles que decidiram que a IA não é algo a temer; é uma parceira de pesquisa e motor de inspiração. Esses indivíduos estão se adaptando a uma nova realidade não com apreensão, mas de mente aberta, convidando a IA para participar de seus empreendimentos artísticos.
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A seguir, conheça cinco artistas que deram um salto após levantarem um questionamento importante: Como a IA pode apoiar o processo criativo?
Charlie Engman, artista
Como fotógrafo, diretor de arte ou, como ele mesmo diz, “simplesmente artista”, o trabalho de Charlie Engman ultrapassa os limites da criação de imagens tradicionais. Afinal, ele está na vanguarda do movimento de arte com IA. A visão única de Engman é profundamente influenciada por seu background acadêmico em estudos japoneses e coreanos e sua formação em dança moderna. O artista continua a desafiar fronteiras, seu trabalho já apareceu nas páginas de publicações como AnOther, Dazed, Garage e atraiu gigantes comerciais como Prada, Hermès e Nike.
“Os geradores de imagens com IA são treinados por conjuntos de dados de milhões de imagens preexistentes, o que os tornam ferramentas fascinantes para explorar algumas das questões centrais da minha prática criativa. Esses modelos me ajudam a responder questões, por exemplo: Como as imagens se relacionam umas com as outras? Que expectativas trazemos para as imagens e como essas expectativas são estabelecidas e reforçadas? Que propósito essas expectativas servem e como podemos interagir com essas expectativas?”, conta Engman. Embora a IA use imagens feitas pela cultura visual humana, elas não estão limitadas pela lógica ou códigos culturais humanos – afinal, a IA não é humana! Ela expõe e desafia as convenções e as possibilidades presumidas da cultura de maneiras que estão expandindo minha pesquisa e produção.”
Marie Laffont, designer de calçados
Para sua última coleção, intitulada “UCRONIA”, a designer de calçados Marie Laffont usou IA para criar uma sessão de fotos virtual inspirada nas maravilhas arquitetônicas da antiga Nova York. Ambientada em meio a um cenário de tempestade de inverno distópica, “UCRONIA” se desenrola como uma narrativa em um reino atemporal semelhante a uma utopia. Para dar vida à sua visão, Laffont pediu para IA se inspirar em elementos de ficção científica e no filme “12 Macacos”, a adaptação de Terry Gilliam de “La Jetée”. Todos os modelos são feitos pela tecnologia, e os sapatos de Laffont foram posteriormente adicionados às modelos por meio de Photoshop.
“A IA me permitiu criar e projetar mundos que existiam apenas na minha mente. 100% do meu último catálogo foi feito com IA. Foi uma nova forma de trabalho para mim. Eu pesquisei, criei painéis de inspiração e vi isso ganhar vida apenas a partir de uma descrição. Em uma sessão de fotos física, há limites para o que você pode fazer — seja custo, logística ou ambiente. Com a ferramenta, pude superar algumas das barreiras que normalmente enfrentaria como uma marca jovem. Eu não acredito que a IA substituirá editoriais, mas ela servirá como mais uma saída criativa”, compartilha Laffont.
A.A. Murakami, dupla de artistas
A.A. Murakami, dupla artística por trás do projeto na Web3 conhecido como Floating World, são pioneiros em ‘Tecnologia Efêmera’. Como artistas, eles habilmente aproveitam a tecnologia para evocar cenários primordiais e visões do futuro, criando ambientes sensoriais que formam uma série contínua de obras. Suas contribuições artísticas os levaram a fazer parte das coleções permanentes de instituições como o Museu de Arte Moderna de Nova York, o Centro Pompidou, em Paris, e o M+, em Hong Kong.
“Nossa recente obra digital, que está em andamento, usa código generativo para criar milhares de resultados, dos quais selecionamos nossos favoritos e usamos a IA para identificar as características daqueles selecionados para que possamos extrair pontos em comum e adaptar o código para gerar mais resultados desejados”, afirmam A.A. Murakami.
Ceren Arslan, cenógrafa e artista
Como cenógrafa na Bureau Betak e fundadora do EXIT, um projeto de arte que cria espaços arquitetônicos semi-fictícios, Arslan não é estranha à fusão de tecnologia e artes. O trabalho da artista transporta as pessoas para lugares etéreos, provocando interpretações não convencionais de contextos familiares. Abraçando a ideia do escapismo, seu estilo distinto e estética neo-brutalista ganham vida em produções tanto digitais quanto físicas. Arslan colabora com designers, marcas e a IA para expandir os limites de seu trabalho, resultando em produtos e imagens cativantes.
“A IA é uma ferramenta incrível e uma nova camada de comunicação. Tenho aprendido significativamente sobre ela. Quando o seu principal meio de expressão são espaços, você deve considerar tudo, incluindo o cenário, a iluminação, o clima, a atitude, o ethos do design, a linguagem, a história e a estética. Quando eu imagino um espaço com a IA, cada detalhe se torna impecavelmente realizado, resultando em um profundo nível de realismo”, diz Arslan.
Marcela Ortiz-Rubio, escritora e editora
Como colaboradora digital para a Architectural Digest México, a expertise de Ortiz-Rubio está relacionada a estilo de vida e viagens, reforçada pelo seu uso habilidoso da IA para ampliar sua escrita e pesquisa. Com uma profunda paixão pela exploração, a escritora e especialista em relações públicas já morou em sete cidades e visitou mais de 45 países. Suas palavras transportam os leitores para novos destinos, levando-os consigo enquanto ela se imerge na rica tapeçaria da arte local, moda e cultura.
“A IA desempenhou um papel fundamental no meu processo criativo como escritora. Embora alguns escritores hesitem em adotar a IA, eles muitas vezes a utilizam inconscientemente em seu trabalho. Por exemplo, confio em verificadores de gramática e ortografia com IA, como o editor de texto da Microsoft e, mais recentemente, o Grammarly. Outras vezes, tenho um ótimo artigo em mãos, e a IA me ajuda a criar títulos chamativos e otimizar o conteúdo para SEO, um aspecto crucial na publicação online. É importante mencionar que, embora eu acredite que a IA pode ser uma ferramenta valiosa para escritores (e outros artistas) quando usada da maneira correta, ela definitivamente não substitui a criatividade humana”, alega Rubio.
(Traduzido por Caroline De Tilia)