Elas, as nozes e castanhas, não fazem parte do prato do brasileiro, não faz parte de sua cultura alimentar. Mas, no período natalino, passam a compor as listas de compras, significativamente. A demanda impulsiona as importações desses produtos. As principais castanhas importadas pelo país são avelãs, nozes, amêndoas e pistaches, provenientes de diversos países.
O Brasil é competitivo na produção de castanhas específicas, como a castanha-do-pará (castanha-do-brasil) e a castanha-de-caju, exportadas mundialmente. As importações ocorrem porque o país não tem forte vocação para o cultivo de algumas nozes e castanhas tradicionais por causa de fatores climáticos, geográficos e estruturais.
Leia também
A falta de vocação se deve a clima e solo inadequados. Por exemplo, as nozes-comuns (nogueira) e avelãs precisam de climas temperados com estações bem definidas, incluindo invernos frios para garantir a dormência das árvores e verões secos para o amadurecimento. No caso do clima, aqui predomina o tropical, com altas temperaturas e chuvas intensas, não favorecendo essas culturas, pois essas árvores são suscetíveis a doenças fúngicas e apodrecimento das raízes.
Outro fator é o custo de produção elevado. Cultivar nozes exige investimentos significativos em tecnologia, irrigação e controle fitossanitário. Países como os EUA, Espanha e Turquia dominam a produção global de nozes e têm cadeias produtivas consolidadas, tornando difícil para o Brasil competir nos mercados internacionais. O país tem direcionado seus esforços agrícolas para commodities como soja, milho, café e cana-de-açúcar, que têm mais aptidão ao clima local e mercados consolidados.
Confira os detalhes sobre as principais castanhas e nozes importadas pelo Brasil:
As Avelãs
Para serem cultivadas, as avelãs requerem invernos rigorosos e temperaturas abaixo de zero durante o ciclo de dormência, características comuns em regiões temperadas como a Europa (especialmente Turquia e Itália), principais exportadores mundiais.
As avelãs representam 43% do total de importações de castanhas pelo Brasil. A Turquia é o principal fornecedor, respondendo por 30% do mercado brasileiro de nozes, seguida pelo Chile (29%) e Estados Unidos (17%). Em milhões2023, foram importadas 8 milhões de toneladas de avelãs, por US$ 72,7 milhões. Neste ano, entre janeiro e outubro foram 5,6 mil toneladas por US$ 48,9 milhões.
A demanda por avelãs vai além das festividades de final de ano. A indústria de alimentos utiliza largamente a castanha para confeitaria. Avelãs são amplamente utilizadas em chocolates (como na fabricação de Nutella e bombons) e em produtos como bolos, tortas, biscoitos e sorvetes. Avelãs também estão na gastronomia gourmet, em pratos sofisticados, como saladas, massas e molhos, especialmente em restaurantes que seguem tendências europeias. O óleo de avelã também é utilizada na fabricação de cosméticos por causa de suas propriedades hidratantes e antioxidantes.
As Nozes
As nozes correspondem a 14% das importações brasileiras de castanhas. A Turquia e o Chile são os principais fornecedores, responsáveis por 61% do volume importado e 70,8% do valor investido.
Em 2022, esses países forneceram 10,2 mil toneladas de nozes ao Brasil, totalizando US$ 75,2 milhões. Em 2023, a importação total de nozes foi de 5,7 mil toneladas por US$ 23,2 milhões. Neste ano, foram 4,4 mil toneladas por US$ 22,1 milhões.
As Amêndoas
As amêndoas representam 12% das importações de castanhas pelo Brasil. Os Estados Unidos são o principal fornecedor, com 80% de participação no mercado brasileiro em 2023, seguidos pelo Chile, com 24%. Em 2023, o Brasil importou 4,7 mil toneladas de amêndoas por US$ 20,5 milhões. Nos primeiros 10 meses de deste ano foram 3,9 mil toneladas, por US$ 18,7 milhões.
Não há amendoeiras em escala comercial no Brasil porque elas requerem clima mediterrâneo, com invernos frios e verões secos e quentes, condições encontradas em regiões como Califórnia (EUA), Espanha e Austrália, principais produtores globais.
Além das festas natalinas, as amêndoas são utilizadas na confeitaria e panificação, snacks e barras de cereal, leites e manteigas, óleos, além do uso na gastronomia gourmet.
Os Pistaches
O interesse pelo pistache cresceu significativamente, com importações de 2023 quase dobrando em relação à média dos cinco anos anteriores. Foram 601,1 toneladas. Os pistaches correspondem a cerca de 8% das importações brasileiras de castanhas. Os Estados Unidos lideram as vendas para o Brasil, com 79% de participação no mercado em 2023. A Argentina também tem se destacado como fornecedor, tornando-se o segundo maior fornecedor de pistache para o Brasil em 2023. Essas vendas atingiram US$ 1,6 milhão.
Escolhas do editor