Mais e mais, no ambiente de trabalho, somos colocados frente a frente com escolhas. No mundo das redes sociais, nem se fale. As ofertas são quase infinitas. Lá, os oferecimentos não dizem respeito apenas a coisas materiais, mas também a possibilidades de padrão de vida, de trabalho, de comida e até de lazer. Como escolher apenas uma agulha num palheiro de possibilidades?
A verdade é que quanto mais opções estão ao nosso alcance, mais tem se tornado difícil para muitas pessoas fazerem uma escolha. A tal ponto que muitas se sentem paralisadas, impossibilitadas de tomar uma decisão. E, por vezes, adoecem com isso.
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Pesquisadores já se debruçaram sobre esse assunto e constataram que não é só o leque de alternativas que nos faz travar diante de uma escolha, mas também a quantidade de informações associadas a cada uma dessas opções.
Faz parte da natureza humana querer fazer uma escolha “perfeita”. Quando nos vemos diante dessa grande quantidade de informações embutidas em cada uma das alternativas que temos à nossa frente, naturalmente tememos que a perda ao decidir por apenas um daqueles itens pode ser muito maior do que é.
Ou seja, nos faz acreditar (falsamente) que ao abandonarmos uma das opções saímos “perdendo”. E já de mostrou, por meio de estudos, que a ideia de perda é mais terrível do que a de ganho é atraente.
Além disso – isso é muito comum nas redes sociais -, ao gastar um tempo maior analisando cada uma das informações que temos a nosso dispor, podemos nos ver cansados, o que reduz a nossa capacidade de tomar uma decisão mais assertiva.
O que é importante termos no nosso radar é que nunca conseguiremos ter tudo na vida. Algo sempre vai faltar. Isso quer dizer que, ante duas alternativas (A ou B), jamais poderemos ter A + B. Sempre deixaremos algo de lado.
O que pode nos ajudar na hora de escolher algo ou alguma coisa?
1. Terapia
A terapia – qualquer que seja a linha que você decida fazer – pode nos ajudar a levantarmos questões sobre nós mesmos. Nem sempre nos fazemos perguntas antes de tomar uma decisão, e a terapia pode nos auxiliar nessa tarefa. Evidentemente, não é de uma hora para outra que isso acontece, mas o processo terapêutico pode ser de grande ajuda para clarear as nossas dúvidas e os nossos desejos.
Além disso, pode auxiliar especialmente aqueles que tiram algum tipo de satisfação ao fazerem escolhas erradas. Como médico, posso dizer que esse grupo não é muito pequeno.
2. Lista de prós e contras
Quando escolhemos algo, na realidade já fizemos uma lista mental dos prós e contras, ainda que esse mecanismo não seja muito evidente para nós. Uma listinha no papel no ou computador pode nos ajudar a deixar bastante claros os pontos positivos e negativos de cada uma das opções que estão diante de nós.
3. Autoeducação
Autoeducação nada mais é do que aprendermos a partir de nossos próprios erros. Se, no passado, fizemos uma escolha que nos levou “para o buraco”, talvez seja prudente, ao nos depararmos com uma situação semelhante, fazer uma escolha diferente.
4. Medicação
Muitas pessoas com depressão, ansiedade grave, dependências de álcool ou de drogas podem ter mais dificuldade de tomar uma decisão ponderada. Os remédios, lógico, não são milagrosos, mas, estando elas medicadas, podem ter mais capacidade de refletir sobre as alternativas que lhes são colocadas.
5. Grupos de ajuda mútua
Por fim, nos grupos de ajuda mútua muitas pessoas encontram suporte a suas decisões. Mais do que isso, podem encontrar inspiração na experiência do outro para fazer uma escolha.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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