Quando o bitcoin nasceu, era um símbolo da contracultura, uma moeda rebelde, quase anônima e sem regulamentação. Uma década depois, há sinais crescentes de que está entrando no sistema que seus criadores procuraram subverter.
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À medida que a criptomoeda se valorizou, investidores maiores, de corretoras a fundos de hedge, recorreram cada vez mais a bolsas reguladas em centros financeiros tradicionais. Eles estão comprando futuros de bitcoin para ter exposição ao ativo, evitando hackers e golpes que assolam a indústria.
O mercado de criptomoedas, associado por muitos à dark web e à lavagem de dinheiro, está começando a ser considerado pelo mundo financeiro como no mesmo nível dos derivativos, instrumentos de hedge e regras de conformidade.
Os investidores aplicaram níveis recordes em futuros de bitcoin em bolsas reguladas nos Estados Unidos e no Reino Unido no mês passado, famintos por um pedaço do ativo, mas buscando o tipo de proteção que satisfará seus executivos de compliance.
Entre março e maio, o bitcoin mais do que dobrou de preço, uma subida cheia de oscilações de dois dígitos, que foi impulsionada por pequenos investidores de varejo.
Nesse período, a CME disse que os volumes diários médios de contratos futuros subiram mais de sete vezes para um recorde de US$ 508 milhões em maio. O número de contratos em aberto também bateu recorde.
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A CME disse que a valorização do bitcoin e o subsequente aumento na volatilidade atraíram novos investidores que buscavam se proteger contra os riscos.
Em um sinal do crescente mercado do bitcoin, a dona da Bolsa de Nova York, a Intercontinental Exchange(ICE), planeja oferecer futuros de bitcoin nos próximos meses por meio de uma nova plataforma de negociação de criptografia, a Bakkt.
Os futuros – contratos financeiros que fixam um ativo em uma data e preço definidos – são vistos como componentes-chave de qualquer mercado maduro, pois aumentam a liquidez do mesmo e permitem que os investidores apostem na direção dos preços.
A consequência da demanda crescente é o surgimento de um mercado global duplo de futuros de bitcoins – em bolsas mais reguladas, como a CME, e em bolsas “offshore”, menos reguladas e que dominam a maior parte dos bilhões de dólares desse mercado.
As bolsas mais reguladas geralmente estão sujeitas a verificações rigorosas de governança, tecnologia e habilitação do cliente. Elas exigem um alto grau de transparência.
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Plataformas offshore, em contraste, são tipicamente registradas em jurisdições com regras menos onerosas. Elas tendem a aceitar negócios de investidores que podem se registrar com poucas exigências de identidade ou da origem de seus fundos.
Investidores maiores, submetidos a regras rígidas de conformidade, estão indo para plataformas reguladas em centros financeiros como a CME, segundo profissionais do setor. Operadores com mais tolerância a risco usam as bolsas offshore.
As bolsas offshore oferecem futuros de bitcoin desde o início de 2011. Uma das maiores, a BitMex, registrada no país africano Seychelles, disse que agora eles respondem por mais de 65% do comércio global de derivativos de criptomoedas. O volume negociado foi de US$ 4,3 bilhões em maio, disse.
O presidente-executivo da BitMEX, Arthur Hayes, disse que investidores maiores estão buscando bolsas como a CME.
“É o produto perfeito [para investidores maiores] – é baseado em dólar norte-americano, eles nunca precisam tocar em bitcoins reais, são liquidados financeiramente”, disse ele.
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