O lucro da XP desacelerou no primeiro trimestre, refletindo o menor crescimento da base de clientes e da captação líquida de recursos, num período marcado por um repique da Covid-19 e pelos efeitos globais da invasão russa na Ucrânia.
A maior plataforma independente de gestão de recursos do Brasil anunciou hoje (3) que seu lucro ajustado entre janeiro e março somou R$ 987 milhões, alta de 17% sobre um ano antes, quando havia dobrado no comparativo anual.
O resultado operacional da XP medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 1,19 bilhão no período, 14% maior ano a ano. A margem Ebitda caiu 1,5 ponto percentual, para 38,2%.
“Tivemos um cenário super desafiador no cenário macro”, disse Bruno Constantino, sócio e diretor financeiro da XP, citando efeitos negativos da Ômicron, variante da Covid-19, que ditou novo aperto em regras de circulação de pessoas; e da Guerra da Ucrânia, com efeitos inflacionários pelo mundo.
O executivo citou ainda o que chamou de efeito portfolio, com os clientes buscando mais ativos de renda fixa, em detrimento de ativos como ações, segmento que enfrentou maior volatilidade no período.
A desaceleração no trimestre ilustra a visão divergente entre analistas sobre se a XP conseguirá manter o crescimento vistoso dos últimos anos conservando a rentabilidade num ambiente macroeconômico adverso, com a combinação de juros e inflação alta espremendo a renda das famílias.
Na véspera, o Credit Suisse cortou o preço-alvo para os papéis da XP, citando que o ciclo de aperto monetário no país traz maior risco à sustentação do seu ritmo de atração de investimentos de clientes em 2022.
O UBS também cortou o preço-alvo da ação da XP em janeiro. Já o Morgan Stanley elevou em outubro a recomendação para o papel, de “neutra” para “acima da média do mercado”.
Constantino citou que o ritmo de crescimento do negócio ao longo de 2022 depende de “algumas variáveis que não controlamos”, mas que as margens de lucro do grupo “estão totalmente sob controle” e reiterou a confiança na resiliência do negócio.
Em abril, a XP havia informado que o total de ativos sob sua custódia fechou março em R$ 873 bilhões, alta de 22% ano a ano. Já a captação líquida de recursos de clientes foi de R$ 46 bilhões no trimestre, frente a R$ 69 bilhões no mesmo período de 2021. E o número de clientes subiu 17% em 12 meses, para 3,5 milhões.
A companhia também informou hoje (3) que sua carteira de crédito somava R$ 11,5 bilhões no fim do trimestre, um crescimento de 142%.
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