As ações da Rocket Lab USA, com sede em Long Beach, Califórnia, fecharam em seu nível mais alto de todos os tempos no último dia (22), elevando a fortuna estimada do fundador e CEO da empresa, Peter Beck, nascido na Nova Zelândia, para US$ 1 bilhão (R$ 6,1 bilhões) pela primeira vez, segundo estimativas da Forbes.
A empresa, que desenvolve e lança foguetes, satélites e outras espaçonaves para clientes governamentais e comerciais, viu suas ações dispararem mais de 300% no último ano. A participação de 10% de Beck agora vale quase US$ 970 milhões (R$ 5,917 bilhões). Além disso, estima-se que ele tenha cerca de US$ 65 milhões (R$ 396,5 milhões) provenientes da venda de ações ao longo dos anos.
Apenas, na quarta-feira (20), as ações da Rocket Lab subiram quase 30%, após a empresa anunciar uma previsão recorde de receita entre US$ 125 milhões e US$ 135 milhões (R$ 762,5 milhões a R$ 823,5 milhões) para o quarto trimestre de 2024. A divulgação também incluiu um acordo de múltiplos lançamentos com uma operadora de constelação de satélites comerciais para um veículo de lançamento maior, chamado Neutron, além de uma proposta com a NASA para recuperar amostras de Marte e trazê-las de volta à Terra.
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“Há entusiasmo porque o Neutron, que é significativamente maior do que o veículo de lançamento existente, o Electron, competirá em certa medida com os foguetes da SpaceX e trará um impacto para a economia da empresa”, afirma Andres Sheppard, analista da Cantor Fitzgerald. Ele destaca que a Rocket Lab já é o terceiro lançador orbital mais frequente do mundo, atrás apenas da SpaceX e do governo chinês.
A jornada de um engenheiro ao topo da indústria espacial
Peter Beck, engenheiro aeroespacial autodidata, de 47 anos, desistiu da faculdade e começou a trabalhar em 1993 como aprendiz na fabricante de eletrodomésticos Fisher & Paykel, na Nova Zelândia. Ao longo de uma década, ele passou por funções em engenharia de precisão, design de máquinas de produção e análise de produtos, enquanto construía foguetes em seu tempo livre. Em 2003, Beck ingressou em um instituto de pesquisa do governo neozelandês, liderando programas de engenharia focados em tecnologias como turbinas eólicas e supercondutores, antes de fundar a Rocket Lab em 2006.
A Rocket Lab fez história três anos depois, quando seu foguete Atea-1 se tornou o primeiro desenvolvido comercialmente a alcançar o espaço no Hemisfério Sul, após ser lançado na costa da Nova Zelândia em 2009. A empresa mudou sua sede para os EUA em 2013 e iniciou o desenvolvimento do veículo de lançamento Electron no ano seguinte. Desde seu voo inaugural, em 2017, até setembro deste ano, o Electron lançou 197 pequenas espaçonaves em 49 missões bem-sucedidas.
A Rocket Lab abriu capital no auge do boom das SPACs em agosto de 2021, ao se fundir com uma empresa de aquisição de propósito específico em um acordo que avaliou a empresa em US$ 4,1 bilhões (R$ 25,01 bilhões), quase 200% a mais do que a avaliação de US$ 1,4 bilhão (R$ 8,54 bilhões) recebida na última rodada de financiamento privado em 2018. Além de Beck, os maiores vencedores da transação de 2021 foram as firmas de capital de risco Khosla Ventures e Bessemer Venture Partners e o fundo soberano da Austrália, que adquiriram conjuntamente quase 50% da Rocket Lab ao longo de cinco rodadas de financiamento desde 2013.
Beck possuía 12% da Rocket Lab após vender US$ 10 milhões (R$ 61 milhões) em ações em uma transação secundária privada em 2019 e mais US$ 30 milhões (R$ 183 milhões) como parte da fusão da SPAC em 2021. Em setembro de 2023, ele vendeu quase 1% de participação por US$ 20 milhões (R$ 122 milhões) em uma negociação com o Goldman Sachs, quando as ações estavam em torno de US$ 5,62 (R$ 34,28) – uma queda de 44% em relação ao preço de oferta pública inicial dois anos antes. Mesmo assim, Beck se manteve firme, declarando em um documento regulatório que não tinha “nenhuma intenção de vender mais ações no momento”. Desde então, ele não vendeu mais nenhuma ação, e o preço subiu mais de três vezes, chegando a US$ 19,00 (R$ 115,90) no fechamento do mercado na sexta-feira.
Embora a Rocket Lab, com uma receita de quase US$ 245 milhões (R$ 1,494 bilhões) em 2023, seja muito menor que a SpaceX de Elon Musk, Beck vê sua empresa como uma concorrente sólida. “A SpaceX é a maior empresa espacial do mundo, e acho que as pessoas estão começando a entender que a Rocket Lab está se posicionando como a número dois”, disse ele à CNBC na quinta-feira. “Conforme essas duas empresas começam a se parecer cada vez mais, não é surpreendente que a diferença de avaliação comece a diminuir com o tempo.”