Resumo:
- Países desenvolvidos tendem a seguir o comportamento japonês, com déficits astronômicos e política monetária ultra-dovish;
- É esperado repressão financeira, déficits maiores e crescimento lento;
- Equilíbrio do orçamento com corte de benefícios é pouco apoiado por eleitores;
- Aplicação da Teoria Monetária Moderna poderia acarretar hiperinflação.
Os Estados Unidos, a Europa e a maior parte do mundo desenvolvido estão no caminho para uma “japonificação”, com seus déficits astronômicos e política monetária ultra-dovish (comportamento expansionista, leniente com a inflação e voltado à manutenção da economia).
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Presenciaremos uma repressão financeira, déficits sempre ascendentes e crescimento mais lento. Mas este não é o fim. Não é o melhor dos mundos também, mas já fomos longe demais para voltar agora.
Não há eleitores suficientes para fazer qualquer coisa que possa equilibrar o orçamento dos EUA. Nenhuma das partes quer reduzir o déficit, e os fãs da MMT (Teoria Monetária Moderna) querem aumentá-lo ainda mais. Isso significa que as regras de investimento conhecidas dos últimos 50 anos tendem a mudar.
A MMT – Teoria Monetária Moderna é improvável
Poderíamos realmente ver a implementação da Teoria Monetária Moderna nos EUA? Em teoria, é possível que o Departamento do Tesouro emita dinheiro com maturidade zero, zere os juros dos títulos para o Fed e, em seguida, deposite dólares na conta bancária do Tesouro.
Isso criaria, no mínimo, inflação e, possivelmente, hiperinflação. Dizer que seria um cenário destrutivo é como comparar uma brisa oceânica a um furacão de categoria cinco. Mas poderia ser, de fato, um desastre financeiro de proporções bíblicas.
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Não acredito que isso aconteça dessa maneira. Em vez disso, faremos dívidas à moda antiga: seguindo o modelo japonês e com massiva flexibilização quantitativa. Vamos ver como isso pode acontecer.
Buscar o déficit como se não houvesse amanhã
As projeções apontam um déficit anual médio de US$ 1,2 trilhão por ano na próxima década. Mas existem algumas ressalvas.
Primeiro, vamos levar em conta o mundo real – um crescimento do PIB de 2,3%, leve aumento do desemprego e cerca de 2% de inflação. Mas há um viés. Ou melhor, dois.
Eles não assumem recessão e não fazem concessões aos cerca de US$ 400 bilhões anuais em gastos fora do orçamento. O montante desembolsado além do previsto significa que a dívida aumentará US$ 1,6 trilhão por ano na próxima década – mesmo sem recessão. Isso significa que a dívida norte-americana será de US$ 40 trilhões até 2029.
Se houver uma recessão (e eventualmente haverá), alcançaremos esse número de US$ 40 trilhões mais cedo, entre 2026 e 2028 – o déficit será de, no mínimo, US$ 2 trilhões por ano e talvez muito mais do que os sugeridos acima.
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Haverá propostas para reduzir os gastos, mas elas não farão muita diferença. Os investimentos “obrigatórios” (saúde pública, previdência social e outros programas de benefícios, somados aos juros sobre a dívida) mais o dinheiro consumido com defesa sobrecarregam os chamados gastos discricionários (custos que o governo não pode cobrir).
Mesmo se pudéssemos cortar alguns custos discricionários, o déficit ainda seria enorme, já que não há um eleitorado a favor do corte de programas de benefícios.
A questão é: onde será obtido o dinheiro para pagar esses gastos?
Um mundo deflacionário pela frente
A resposta é: o Departamento do Tesouro venderá títulos e aumentará a dívida. Isso é um dado.
Então haverá uma recessão. O Fed baixará as taxas de juros para zero e buscará quantidades sem precedentes de flexibilização quantitativa, assim como o Japão fez.
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Mais uma vez, este não é o fim do mundo, pelo menos se seguirmos dessa maneira. Voltar-se totalmente para a MMT seria muito, muito pior. Se ela for o caminho, eu me prepararia para pensar em um cenário de hiperinflação. Mas não acho que isso vai acontecer.
É possível? Com certeza. Mas o perigoso para os investidores é não imaginar o que poderia dar errado com sua tese básica (agradeça Ben Hunt). Neste momento, meu caso básico é para um mundo mais ou menos deflacionário.
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