A crítica de Elon Musk a rankings ESG (de governança ambiental, social e corporativa), chamados por ele de “golpe”, destaca como a tendência de investimento mais popular em Wall Street atualmente significa coisas diferentes para pessoas diferentes.
O presidente-executivo da Tesla atacou na quarta-feira (18) a S&P Global depois que a empresa retirou de seu principal índice de ações ESG a montadora de carros elétricos e resolveu adicionar algumas companhias cujas atividades são consideradas como prejudiciais ao meio ambiente, como petrolíferas.
Musk foi ao Twitter para expressar sua frustração com a mudança “apesar de a Tesla fazer mais pelo meio ambiente do que qualquer empresa já fez!” Ele acrescentou que o ESG “foi usado como arma por falsos guerreiros da justiça social”.
A diretora sênior da S&P Dow Jones Indices, Margaret Dorn, disse à Reuters que a Tesla foi excluída do índice porque sua pontuação caiu um pouco, assim como as pontuações de outras montadoras melhoraram. A Tesla não foi excluída porque os executivos da S&P decidiram expulsar a empresa do índice por causa de uma questão específica, acrescentou.
Embora os carros da Tesla contribuam para reduzir as emissões de carbono, a pontuação ESG da montadora ficou “para trás” em outros aspectos, como más condições de trabalho em fábrica norte-americana, alegações de discriminação racial e manipulação de uma investigação do governo dos Estados Unidos sobre várias mortes e lesões relacionadas à tecnologia de piloto automático.
O investimento sustentável – levando em conta os fatores ESG na seleção do portfólio – explodiu nos últimos anos, atingindo US$ 35,3 trilhões (R$ 172 trilhões) até o início de 2020, de acordo com a Global Sustainable Investment Alliance.
Meia dúzia de gestores de investimentos entrevistados pela Reuters disseram que a briga de Musk com a S&P ilustra como a confusão ainda reina sobre como investidores e executivos veem o setor.
Alguns, como Musk, acreditam que as classificações devem recompensar as empresas que fazem mais pelo planeta e pela sociedade. Outros, incluindo empresas como a S&P, que produzem os rankings, dizem que o objetivo é mostrar quanto risco as ações de uma empresa enfrentam devido a fatores ESG.
Isso explica por que algumas empresas que são as principais contribuidoras para as mudanças climáticas, como a Exxon, podem permanecer em um índice ESG se puderem mostrar que estão tomando medidas para reduzir esse risco.
“Em última análise, o ESG é uma forma de identificar e tentar quantificar o risco. Portanto, é basicamente a mitigação do risco”, disse Chi Chan, gerente de portfólio da Federated Hermes. “Efetivamente, Musk está confundindo ESG com sustentabilidade.”
Mark Tinker, diretor de investimentos da Toscafund Hong Kong, disse que Musk “apontou corretamente” que as considerações de governança corporativa e social estão sendo usadas “para cancelamentos por motivos políticos” e que a contribuição de uma empresa para o meio ambiente também pode “significar o que você quer que seja”.
A Tesla não respondeu a um pedido de comentário em nome da empresa ou de Musk.
A S&P publicou a mudança em seu índice ESG em 22 de abril. Mas foi somente em 18 de maio, um dia depois que Horn publicou explicações sobre por que a Tesla foi excluída do índice, que os usuários do Twitter começaram a divulgá-lo, chamando a atenção de Musk.
Apenas uma pequena fração dos ativos sob gestão da indústria de ESG – US$ 11,7 bilhões (R$ 57 bilhões) no final de 2020 – está vinculada aos índices S&P. A influente rival do índice ESG da S&P, MSCI Inc, até agora mantém a Tesla em seu índice ESG bluechip.
A S&P se recusou a fornecer um detalhamento da pontuação ESG que atribuiu à Tesla, que é compilada com base em rankings de várias operações e práticas da empresa. A MSCI também se recusou a fornecer um detalhamento, mas uma cópia de 3 de maio de sua classificação da Tesla enviada aos investidores e revisada pela Reuters mostra como o mau desempenho percebido em questões sociais tirou parte do brilho das fortes credenciais verdes da empresa.
A Tesla marcou 9,1 de 10 em questões ambientais, contra uma média da indústria de 6,5. Isso representou 30% de sua pontuação ESG total. Em questões sociais, no entanto, ficou em 1,4 em comparação com uma média de 3,5, enquanto em governança obteve 5,1 contra uma média de 3,2.
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