Resumo:
- Empresa fundada por Ashley Tyrner surgiu da escassez de acesso a produtos frescos e orgânicos nos grandes centros urbanos dos Estados Unidos;
- Iniciativa conta com Sam Kass, antigo assessor sênior de política de nutrição do ex-presidente norte-americano Barack Obama, como conselheiro executivo;
- Empreendedora fundou uma nova startup, a Harlow’s Harvest, baseada na ideia de sua filha Harlow, de oito anos.
Ashley Tyrner não é apenas uma mulher empreendedora – ela é uma força a ser reconhecida. A fundadora e CEO da Farmbox Direct, empresa que entrega produtos frescos em domicílio, não teve um caminho fácil até conquistar o sucesso. Mãe solteira que vivia de vale-refeição, Ashley detectou, em determinado momento, a necessidade de um serviço como o que oferece agora.
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Com muita empolgação e trabalho duro, ela conseguiu transformar o negócio em uma iniciativa multimilionária – sem financiamento de capital de risco. Agora, Ashley está determinada a erradicar os desertos alimentares, não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo, porque acredita que todo mundo, independentemente da renda ou da localização, merece ter acesso a produtos saudáveis.
A Forbes aproveitou um tempo com empreendedora para saber mais sobre sua jornada, os desafios que teve de superar e sua mais recente startup, a Harlow’s Harvest, uma ideia de sua filha Harlow, de oito anos.
Forbes: O que a inspirou a começar sua própria empresa e, especificamente, a Farmbox Direct?
Ashley Tyrner: Senti a necessidade. Tive uma criança quando era muito jovem e era uma mãe ocupada, que trabalhava no mundo corporativo em Nova York. Descobri que, mesmo em uma grande cidade, era muito difícil encontrar frutas e vegetais frescos, especialmente de alta qualidade. Achei isso tudo uma loucura! Eu estou em uma cidade enorme. Como não consigo morangos orgânicos entregues em casa? Então, me dei conta de que não era a única com esse problema. Existiam pessoas em todo o país na mesma situação.
F: Você previu que haveria uma demanda tão significativa por um serviço como este?
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AT: Não. Acho que o momento do insight foi quando Sam Kass se juntou ao meu conselho consultivo. Ele foi assessor sênior de política de nutrição e diretor executivo do ex-presidente Barack Obama na campanha Let’s Move, da ex-primeira-dama Michelle Obama. Quando Kass embarcou na ideia, ele me perguntou: “Você sabia que esta empresa pode erradicar os desertos alimentares durante a noite?”. Então eu fiquei pensando: o que é um deserto de comida? Comecei a aprender do que tratava e, a partir daí, a empresa tomou uma direção muito diferente. Eu não tinha noção de que cresceríamos para o que somos hoje. Na verdade, se você tivesse me dito, quatro ou cinco anos atrás, que eu teria uma empresa nacional enviando essas caixas para todo o país, eu teria dito que você era louca.
F: Então o termo deserto alimentar significa que as pessoas têm acesso limitado a alimentos nutritivos?
AT Sim, essencialmente onde as pessoas simplesmente não têm acesso a frutas e vegetais frescos.
F: Quando você soube que era o momento certo para buscar financiamento externo?
AT: Durante o primeiro ano do negócio, crescemos tanto que fui atrás de um investidor anjo. Expandimos muito rapidamente, mas eu não tinha dinheiro porque as pessoas não me davam crédito. Então, eu precisava de capital apenas para manter as portas abertas. Eu tinha uma demanda enorme, e precisava comprar produtos. Fui ao meu investidor anjo e disse: “Ei, lembra quando você me disse que quando eu precisasse de um investidor deveria procurar por você primeiro? Bem, aqui estou”.
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F: Que desafios você precisou superar como empreendedora?
AT: Quanto tempo você tem??? Eu tive tantos desafios… O maior deles é que realmente fomos pioneiros em enviar frutas e legumes frescos em domicílio por meio de uma empresa de transporte como a FedEx. Em várias ocasiões pensei que o produto simplesmente não pudesse ser enviado. Mas então coloquei na minha cabeça que, se podíamos enviar pessoas para a Lua, era totalmente viável enviar frutas e legumes frescos. Isso tinha que ser possível.
F: Ao passar por todos esses desafios, o que a manteve firme?
AT: Eu acho que provavelmente a maior motivação foi minha filha. Eu não podia falhar porque não queria deixar que ela me visse fracassar.
F: O que você mais gosta em ser sua própria chefe?
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AT: Eu gosto de poder trabalhar em qualquer lugar, seja na Disney World, em Paris ou onde quer que eu esteja no mundo. Eu só preciso de um laptop e Wi-Fi. Ainda tenho um equilíbrio muito saudável entre trabalho e vida pessoal, além da possibilidade de poder criar meu próprio destino. No final do dia, se eu consegui um programa de TV, é porque eu fiz isso acontecer. Se eu escrever um livro de receitas, foi porque quis aquilo. Eu realmente gosto de estar no controle do meu próprio destino.
F: Como empreendedora, é difícil delegar tarefas, especialmente quando você inicia uma empresa do zero?
AT: Sim. Um dos grandes aprendizados foi permitir que outras pessoas façam coisas porque eu não posso fazer tudo. Ninguém nunca vai passar pela porta da minha empresa e dar o que eu daria por ela, porque este é o meu filho. Em um determinado momento, todas as minhas economias foram investidas nesta iniciativa. Então eu precisei realmente soltar um pouco as rédeas. No começo, quando as coisas davam errado, eu ficava chateada. Agora, depois de ter experimentado essa situação, procuro soluções para os problemas que surgem. Não existe um manual que descreva o roteiro perfeito para ser CEO de uma empresa de porte nacional, certo? Então, o que acontece é muita tentativa e erro. Desde que entramos em um espaço inexplorado para trabalhar na erradicação dos desertos alimentares e enviar esta caixa de produtos, tudo veio com uma dose extra de desafios.
F: Qual é a parte mais gratificante do seu trabalho?
AT: É ótimo quando falo em público e as mulheres vêm até mim dizer que a minha história é inspiradora para elas. Isso é super recompensador. Ver minha filha se orgulhar de mim também é muito gratificante, porque eu quero que ela cresça e seja um grande ser humano. Há também relatos incríveis de pessoas que estão em desertos alimentares que, por causa da minha empresa, pararam de tomar insulina ou perderam dezenas de quilos. Não é apenas a minha filha que me manteve, foram as pessoas inseridas nesse grande gap alimentar.
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F: Como você define o sucesso?
AT: O sucesso para mim não é definido por uma quantia em dinheiro. Para o meu desafio pessoal, ele só será definido quando o problema dos desertos alimentares for erradicado na América. A partir daí, vou querer resolvê-lo a nível global.
F: Qual foi a inspiração para a criação da Harlow’s Harvest?
AT: É a minha mais nova startup. Esta iniciativa vem da minha filha. Ela é bastante criativa, vegana, escreveu músicas sobre o nosso problema de resíduos plásticos e gosta de cozinhar. E foi deste último ponto que surgiu a ideia. Tiramos a educação culinária das salas de aula nos Estados Unidos, por isso as crianças crescem sem saber cozinhar. Sempre houve um plano para o aspecto educacional na Farmbox Direct, e é isso que a Harlow’s Harvest representa. A taxa de obesidade é de 48% em crianças de até 12 anos, então, claramente, elas precisam aprender a comer de forma saudável. Todas as receitas que enviamos nos kits da Harlow’s Harvest são veganas ou vegetarianas. Temos um enorme senso de comunidade que entra no conteúdo desses boxes. A remessa do próximo mês, por exemplo, é o “kit do oceano”, e mostra como teremos mais plástico do que peixes em nossos mares se não resolvermos a questão dos resíduos não degradáveis – este é um problema muito sério para minha filha. A iniciativa precisa ser algo autêntico para ela, porque esta criação é dela.
F: Como você diria que sua filha foi impactada por todo o sucesso da Farmbox Direct e agora da Harlow’s Harvest?
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AT: Eu acho que a razão pela qual ela se tornou essa pequena ativista é, em parte, graças a Farmbox Direct. Ela esteve na Casa Branca comigo. Harlow me viu falando em grandes eventos sobre política e desertos alimentares e aprendeu o quanto é sortuda por ter frutas e vegetais frescos diante dela na mesa do jantar. Então, ela definitivamente foi impactada por isso. Também acho que ela sente muito orgulho de saber o que sua mãe faz no trabalho. Ela até me diz que vai assumir a Farmbox Direct um dia!
F: Qual é a sua visão para o futuro da Farmbox Direct e da Harlow’s Harvest?
AT: Eu acho que, provavelmente, teremos a Farmbox Direct fornecendo ingredientes para a Harlow’s Harvest, e o conjunto será enviado diretamente para as casas das pessoas. Eu também sinto que, na Harlow’s Harvest, podemos nos aventurar em diferentes categorias de alimentos, como kosher ou variadas técnicas de culinária. Também vamos começar kits de jardinagem para crianças na primavera e no verão. Tudo passa por ensinar os pequenos a comer de forma saudável. Estou transformando a Farmbox Direct em uma empresa de conteúdo. Quando digo isso, quero dizer que as caixas terão ideias de receita toda semana. É tudo sobre material e educação. Estou bastante empolgada com isto. Somos uma marca de estilo de vida. Ninguém em nosso espaço se tornou uma empresa de conteúdo ainda, então é para este lugar que quero nos levar.
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