Resumo:
- A Tesla Motors é líder de mercado, top em design e campeã de vendas de carros elétricos no mundo, mas James Dyson ameaça essa liderança com o alto investimento tecnológico em sua companhia;
- Em 2017, Dyson impressionou a indústria automobilística ao dizer que iria injetar mais de US$ 3 bilhões na criação de um carro elétrico;
- As diferenças entre Elon Musk e James Dyson podem ser decisivas para a corrida tecnológica dos veículos elétricos.
As vendas globais de carros elétricos ainda representam uma fatia de apenas 1% a 2% no bolo de vendas anuais de todos os tipos de carros. Mas, assim como um pequeno grupo de manifestantes que fazem barulho, esses veículos recebem toda a atenção nos dias de hoje. Parte dessa atenção se deve ao polêmico Elon Musk, fundador da Tesla Motors, que está sempre prestes a afundar, mas segue fazendo carros incríveis.
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Já se vai uma década desde que Musk e seu primeiro grupo de engenheiros acólitos reconstruíram um Lotus no primeiro Tesla Roadster à luz da lua, com um pouco de fita adesiva, algumas baterias de 9 volts e arame de enfardamento, ao que se conta. Não é exagero dizer que a companhia fundada por Musk, atualmente avaliada em cerca de US$ 200 bilhões, é líder de mercado, top em design e campeã de vendas de carros elétricos no mundo. Apenas dez anos depois.
O inovador Tesla Model S 2012 deveria ter sido o sinal de alerta para que todos os fabricantes de automóveis se aprimorassem no design e no produto, mas tem havido um desperdício de ideias, um desfile interminável de carros-conceito de ficção científica e pouquíssimos modelos reais de produção da indústria em geral, com o Nissan Leaf de pequeno alcance e o desconhecido Bolt. E isso depois de Musk liberar suas patentes para o “wild for free”, a fim de impulsionar a indústria.
A Tesla já expande sua linha ativa para quatro carros bem capacitados, com semi-caminhões elétricos e o ultrajante Roaster 2.0 nos bastidores. Será que alguém, em algum lugar, pode construir um veículo elétrico (VE) melhor que a montadora? O homem que faz os melhores aspiradores do mercado — entre outros equipamentos da categoria — pensa que pode, e eu não apostaria contra ele.
O bilionário britânico James Dyson é o oposto de Elon. Em 2017, Dyson impressionou a indústria automobilística ao dizer que iria investir mais de US$ 3 bilhões na criação de um veículo elétrico, e recentemente lançou pedidos de patentes que podem (ou não) dar uma ideia de como seria o carro.
Em vez de imaginar algo como um XC90, um GL450 ou um Subaru Forester, considere os atributos e peculiaridades do próprio Sir James Dyson, além de tudo o que ele construiu até agora e os tome como bom presságio para a sua jornada no universo VE (veículos elétricos).
Como Elon Musk, Dyson é um engenheiro realizado
Se você ainda maneja um aspirador barulhento de 30 anos que ganhou da sua mãe na faculdade, já passou da hora de fazer o upgrade. Compre um aspirador Dyson, ele realmente funciona. Sim, custa caro — as coisas boas da vida geralmente custam. Mas um produto da Dyson está no território da Apple: tem ótimo design, é bom e diferente, funciona bem (em geral, muito melhor que a concorrência) e é silencioso, então você não precisa aumentar a música na hora da faxina.
Mas por que é tão bom? Porque Sir James Dyson é singular. Exigente. Preciso. Dyson e sua equipe de engenheiros fazem o que as empresas, privadas ou públicas, devem sempre fazer: refinar, melhorar, inovar. Ao contrário de Elon Musk, 47, James Dyson, de 71 anos, não é um chefe que se priva do sono quando o assunto é trabalho, tampouco um “tuitador” impulsivo. Dyson construiu a Dyson Ltd. à moda antiga, a partir do zero, com muito trabalho duro (a Wikipedia diz que ele criou mais de 5.000 protótipos antes do primeiro sucesso) e pouca ou nenhuma assistência de governos ou de alguém além da esposa, uma professora. Dyson é uma tartaruga junto do coelho de Elon e terá que ser rápido se quiser entrar na briga dos carros de maneira oportuna. E parece que ele já está fazendo isso.
Dyson é obcecado por motores e baterias
Os aspiradores de pó da Dyson são excelentes. Eles têm motores que giram até 125.000 rpm (rotações por minuto) e funcionam com baterias instaladas em um pequeno compartimento. Você vê algo que pode funcionar em um carro elétrico?
A tecnologia, o know-how, as formas e os meios já estão lá. Agora, dimensione tudo. Dyson comprou uma antiga base da RAF, a Força Aérea Real britânica, e a converteu em uma instalação de P&D (pesquisa e desenvolvimento) para o projeto de carros elétricos. Além disso, uma grande fábrica está em construção em Cingapura. O empresário disse que a produção de automóveis deve começar em 2020 — amanhã, praticamente. Isso vai acontecer? A Tesla é famosa por fazer promessas e recuar.
Talvez o maior obstáculo para a Dyson sejam as baterias. Ao mesmo tempo em que a empresa continua a aprimorar seu desempenho e tempo de operação, claramente buscando o santo graal da tecnologia: a bateria de estado sólido. A Dyson investiu milhões na start-up de baterias Sakti3, liderada por Ann Marie Sastry. Ele não está sozinho nessa busca, mas, se puder chegar lá primeiro, pode ser a catapulta tecnológica para lançar a Dyson adiante da Tesla e dos outros.
Patentear uma tecnologia de bateria de estado sólido viável e escalonável e depois vendê-la por muitos bilhões para competidores muda o jogo não apenas para carros (e Dyson), mas para o mercado de baterias, que o mundo cada vez mais usará à medida que desmamar do petróleo. Uma empresa que fabrica aspiradores cada vez melhores e outros produtos movidos a bateria pode ser a melhor incubadora para essa tecnologia transformadora.
Dyson tem o dinheiro
Dyson não é um cientista maluco que constrói aspiradores na garagem de casa. Seu tempo de lazer agora inclui navegar a bordo do iate vintage Nahlin de 300 pés e transitar entre propriedades vastas e modestas em um Gulfstream G650. É claro que ele não é pobre nem endividado. Com um patrimônio líquido entre e US$ 6 e 12 bilhões, a Dyson tem recursos para fundar fábricas, financiar pesquisas e ainda pedir crédito, se necessário.
Dyson tem o foco
Todo mundo adora acompanhar as “travessuras” de Elon Musk — exceto talvez os acionistas de Tesla — que dão ótimas manchetes. Eu não nego a genialidade do homem, sua ambição ou visão, que é ampla e contempla o futuro. Me coloque no foguete para Marte, irmão. Eu estou com você.
Mas as ambições de Dyson, claramente, são tediosamente realistas. Orientado pelo produto e guiado pela engenharia, o britânico tem uma mão firme no leme. Até agora ele só fez aspiradores de pó, secadores de mãos, secadores de cabelo e obeliscos de ficção científica que aquecem, resfriam e limpam o ar em seu apartamento e carros são difíceis de fabricar, afetados por muitos regulamentos, burocracia, política e fidelidade à marca. Erros serão cometidos. Os problemas surgirão. Atrasos acontecerão. Mas Dyson tem disciplina para progredir. Como todos sabemos, no fim o coelho não ganhou a corrida.
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