O dólar fechou em forte queda hoje (13) e tomou distância dos R$ 5,10, conforme investidores realizaram lucros ao fim de uma semana de grande instabilidade nos mercados globais. A moeda brasileira teve o melhor desempenho do mundo nesta sessão.
O declínio do dólar foi tamanho que não apenas zerou seus ganhos semanais como levou a cotação a acumular leve baixa no período, que, assim, encerra uma sequência de três semanas de valorização.
O dólar à vista caiu 1,65% nesta sexta, a R$ 5,05, após variar entre R$ 5,15 (+0,15%) e R$ 5,04 (-1,87%). O patamar de fechamento é o menor desde o último dia 5 (R$ 5,01).
Na semana, o dólar acabou caindo 0,31% — até a quinta-feira (11) tinha alta de 1,36%. Em maio, reduziu os ganhos para 2,31% e ainda recua 9,25% no acumulado do ano.
Dados da B3 mostram que, no mês, fundos locais e investidores estrangeiros têm atuado na ponta compradora de dólar, enquanto empresas financeiras (como bancos) fazem a contraparte.
“O mercado realizou bem hoje, foi uma realização de lucros com as notícias de reabertura parcial na China (dos lockdowns contra a Covid-19) e as falas do Powell”, disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora. “Ainda vejo a taxa de R$ 5,20 como um ponto mais central, que atrai o dólar. Não dá para pôr a mão no fogo por causa da melhora de hoje”, ponderou.
O mercado girou ao longo da semana em torno dos riscos de aperto mais forte da política monetária dos EUA e também dos efeitos sobre cadeias de produção decorrentes de novos fechamentos de negócios na segunda maior economia do mundo para conter surtos de coronavírus.
A inflação global em alta — nos EUA a maior em 40 anos e na zona do euro em patamar recorde– é muito associada a impactos oriundos ainda da quebra nas cadeias de suprimento causadas pelos bloqueios nas economias globais iniciados em 2020 para conter a pandemia.
Rumores de que a China, em meio a dados fracos, poderia flexibilizar a política monetária também contribuíram para a correção nos preços de ativos de risco no mundo, movimento que se espraiou para o mercado doméstico de câmbio. A isso somaram-se falas do chair do Fed, Jerome Powell, reiterando altas de 0,50 ponto percentual nos juros –sinalizando, portanto, que o ritmo de restrição monetária não será intensificado, como temem operadores.
Mais uma vez um rali em Wall Street — o índice Nasdaq saltou 3,8% — ajudou a melhorar o humor do mercado no Brasil. Uma medida do “medo” do investidor norte-americano despencou mais de 8% em dia de forte queda do dólar por aqui.
Num indicativo de quão juntos têm andado os preços do dólar e o clima no mercado de ações em Nova York, a correlação de um mês entre a taxa de câmbio dólar/real e o índice de volatilidade VIX alcançou o maior patamar desde julho de 2016, de 0,82. O número é positivo uma vez que, se o VIX sobe, o dólar tende a se elevar também. Quanto mais próximo de +1, mais positivamente correlatos são os preços de dois ativos.
O real terminou a semana com o segundo melhor desempenho em uma lista que conta ainda com as moedas de Chile, México, África do Sul, Turquia, Peru e Colômbia. O sol peruano liderou os ganhos ao subir 0,8%, enquanto a lira turca ficou na outra ponta com queda superior a 3%.
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