Programa Rotas do Vinho visa fortalecer o turismo e a indústria vinífera paulista no Estado, que soma quase 270 vinícolas
O Estado de São Paulo aposta em um programa de enoturismo que inclui 66 vinícolas para impulsionar a produção de seus vinhos finos. Ao mesmo tempo, a estratégia visa mudar a visão dos produtos, cuja qualidade e reconhecimento internacional ainda são desconhecidos por muitos.
O programa Rotas do Vinho visa fortalecer o turismo e a indústria vinífera paulista no Estado já soma 267 vinícolas. Além disso, o plantio de videiras cresceu mais de 700% entre 2022 e 2023, para 65 mil, segundo números do governo estadual.
Agora, a expectativa é de que a percepção sobre os vinhos paulistas mude. A ideia é de que as novas técnicas de cultivo e os investimentos deem frutos para os produtores explorarem todo o potencial do terroir paulista. O lançamento do programa ocorreu na noite da última quarta-feira (28), no Palácio dos Bandeirantes.
“Agora todo mundo vai saber que São Paulo tem vinho de qualidade… Para aquele pessoal que está indo para a Serra Gaúcha, venha para São Paulo que aqui tem coisa boa…”, disse o governador Tarcísio de Freitas. Ele participou de uma degustação coletiva dos produtos de várias vinícolas, na sede do governo.
Conheça as rotas
As cinco rotas do enoturismo passam pela Alta Mogiana (Ribeirão Preto e região), pelo roteiro dos Bandeirantes (São Roque e região), Circuito das Frutas (Jundiaí e região), Serra dos Encontros (Espírito Santo do Pinhal e região) e Alto da Mantiqueira (São Bento do Sapucaí e região).
Ao todo, 55 vinícolas fazem parte do roteiro. Outras 11 vinícolas foram organizadas como enodestinos.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Jorge Lima, o projeto quer “mudar a visão do vinho no Estado de São Paulo”. Entre outras iniciativas, está a inclusão dessas bebidas nos cardápios dos melhores restaurantes paulistas, além de supermercados.
“Tenho feito testes às cegas com o nosso vinho, e as pessoas acham que estão tomando vinho italiano, espanhol”, disse Lima. O secretário, quando empresário, já foi dono de uma vinícola na Argentina.
Além de estabelecer o programa de enoturismo, o Estado prevê linhas de crédito para vinícolas e empreendimentos relacionados à cadeia produtiva em um raio aproximado de 50 quilômetros dessas rotas. Os detalhes dessas linhas ainda devem ser anunciados futuramente, segundo a secretaria.
Sabor incomparável
O Estado paulista já um importante produtor de vinhos do Brasil e caminha para disputar no futuro a liderança com o Rio Grande do Sul. “Agora entramos na disputa”, disse Lima.
Gabriela Victor, viticultora, enóloga e CEO da Sampa Vinho, loja e wine bar paulistana especializada 100% em vinhos do Brasil, disse que os vinhos de São Paulo não perdem em nada se comparados aos vinhos de outras regiões brasileiras “mais tradicionais”. Ela acredita que o Estado seguirá avançando no setor.
“Existem grandes investimentos sendo feitos por grandes players. Muitas antigas fazendas cafeeiras sendo transformadas em vinhedos e no plantio de oliveiras para a produção de azeites”, destacou.
Para a especialista, quem degusta hoje um vinho paulista consegue perceber “uma enorme” diferença qualitativa e sensorial, já que o Estado passou a usar a técnica denominada “dupla poda”. Trata-se de uma técnica que permite a transferência da colheita do verão para o período mais seco do inverno. Com isso, as uvas crescem em um clima com alta amplitude térmica.
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“São vinhos mais estruturados, mais potentes, geralmente com grau alcoólico maior, sem deixarem de ser elegantes, macios”, disse Gabriela. Ela lembra que vários vinhos paulistas já foram premiados em concursos nacionais e internacionais. É o caso dos produtos da vinícola Guaspari, em Espírito Santo do Pinhal.
